A PNAB (2017) prevê como um dos princípios da atenção básica a integralidade do cuidado, que consiste em um conjunto de serviços executados por equipes de saúde e que atendam às necessidades da população adscrita nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redução de danos e dos cuidados paliativos. Isto inclui a responsabilização pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento adequado das necessidades biológicas, ambientais e determinantes sociais causadoras das doenças e o manejo das diversas tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além da ampliação da autonomia das pessoas e coletividade. Ademais, a PNAB prevê como diretriz do SUS a ser executada pela APS a coordenação do cuidado, que consiste em elaborar, acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS, atuando como o centro de comunicação entre os diversos pontos de atenção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer destes pontos por meio de uma relação horizontal, contínua e integrada, que objetiva a produção da gestão compartilhada da atenção integral.

Posto isto, atesta-se a relevância do referido projeto pelo mesmo se propor a apoiar os profissionais de saúde da APS, AAE e vigilância em saúde na instrumentalização de estratégias concretas para superar a fragmentação do cuidado no SUS. Este objetivo está em consonância com as Diretrizes para Organização da Rede de Atenção à Saúde do SUS que versa sobre a necessidade de ações e serviços de saúde integrados que garantam a integralidade do cuidado. O projeto, nesse sentido, caminha ao encontro da operacionalização de itinerários terapêuticos mais seguros e efetivos, por meio da construção de planos de cuidado compartilhados entre diferentes pontos da Rede de Atenção à Saúde que serão disparados a partir de sessões clínicas simuladas baseadas em casos reais.

Dentre os resultados esperados, destaca-se a qualificação dos profissionais para atuarem de forma integrada em rede, a melhoria da qualidade da assistência prestada, a maior resolutividade dos serviços e a otimização do uso de recursos do SUS.

O projeto se propõe a trabalhar um dos desafios fundamentais para o desenvolvimento do SUS, como a fragmentação do cuidado, ou seja, a dificuldade de os serviços operarem de maneira colaborativa, respeitando as necessidades de saúde específicas da população e o desenho de rede de cada região.

Ademais, também está previsto o fortalecimento da capacidade executiva das equipes de APS por meio da disponibilização remota de profissional para suporte, o que incide diretamente sobre as áreas de vazio assistencial e visa apoiar o acesso de forma equitativa e, deste modo, incidir sobre outro gargalo importante no SUS, que se caracteriza pela resolubilidade das equipes da APS em áreas remotas e de difícil acesso.

Por fim, o Projeto prevê a produção e disseminação de evidências advindas das experiências dos profissionais e equipes participantes, o que permitirá a produção de conhecimento científico que apresente e discuta ferramentas para a integralidade do cuidado e coordenação do cuidado pela APS, apoiando a implementação destas ações pelas equipes de APS em todo país, ação já preconizada pela Política, contudo com poucas ferramentas disponíveis para a operacionalização dessas ações pelas equipes de APS nos territórios .

Objetivos Gerais: Apoiar a implementação de ferramentas de coordenação do cuidado pela APS para a melhoria da prática e organização da rede de atenção à saúde do SUS.

Objetivos Específicos: Apoiar a atuação técnica das equipes da APS na elaboração de planos de cuidado compartilhado a partir de sessões clínicas simuladas para equipes de APS; Fortalecer a capacidade executiva das equipes da APS por meio da disponibilização remota de profissional para suporte, garantindo as articulações necessárias à execução das atividades previstas para a construção dos planos de cuidado; e produzir e disseminar evidências sobre as melhorias advindas das experiências dos profissionais e equipes participantes do projeto a partir das ações pedagógicas, de gestão e de singularização em diferentes territórios.